Entenda-se aqui o termo cafona classificado como feio. Esta feiura contudo não é na imagem ou na sonoridade, mas na essência. Segundo a elite intelectual faltava à música cafona o refinamento.
As novelas da TV Globo contam histórias cujas temáticas não diferem muito das músicas cafonas. Porém, entre 1969 e 1978 foram aproveitadas nas novelas da TV Globo 600 faixas musicais para composição das trilhas sonoras das produções. Porém os artistas ditos cafonas, não tinham suas músicas entre as faixas escolhidas.
A principal justificativa é o padrão estético adotado pela TV Globo em suas produções a partir de 1970. Logo aós a inauguração da emissora em 1965, nomes hoje associados a cafonisse como Dercy Gonçalves e Abelardo Barbosa, o Chacrinha, foram importantes para sedimetar a audiência entre as classes mais baixas da população. Quando começou a se consolidar passou a adotar uma estética glamourizada ou então anti-séptica em suas produções. E o cafona obviamente não fazia parte deste padrão.
Abelardo Barbosa e seu programa A Discoteca do Chacrinha, deu visibilidade e popularidade a emissora. Cantores como Wando, Agnaldo Timóteo, Odair José e Nelson Ned sempre tiveram espaço. Com a adoção de um novo padrão estético, o velho guerreiro, teve que se enquadrar e o seu relacionamento com José Bonifácio de Oliveira Sobrinho - o Boni a deteriorar. Em 1972 como a situação ficou insustentável ele rescindiu o contrato. Com sua saída, foram embora também os cantores populares. Para ocupar o espaço, foi criado o programa Fantástico. Chacrinha voltaria nos anos 1980, mas já não era o mesmo.
A TV Globo se consolidou na década de 1970 e sem concorrentes a altura, ditava as regras do mercado cultural. Compositores e cantores que apareciam nela pela primeira vez rapidamente alcançavam o sucesso. Muitos consolidaram suas carreiras jogando pelas regras da emissora. Os demais eram esquecidos tão rápido quanto haviam surgido. Afinal, como diz o dito popular: quem não é visto, não é lembrado.
A seguir, o trailer do filme "Alô, Alô Terezinha", direção de Nelson Hoineff, distribuição: Imovision Setembro 2009.
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