A música cafona, também chamada brega, foi excluída durante muito tempo da produção historiografica sobre música popular brasileira. Talvez influenciada pela rejeição, por parte da dita intelectualidade, que faz juízos de valor preconceituosos contrapondo a música popular brega e a música popular “culta”. O primeira seria voltada para um público “alienado” e o segundo o público “politizado".
Como nos diz o historiador Paulo César de Araujo:
“Portanto, como até agora a história da música popular brasileira foi escrita e “enquadrada” por uma elite intelectual que despreza tudo aquilo que não foi identificado à “tradição” ou à “modernidade”, é esta elite que, em última análise - e valendo-se daquilo que Marilena Chauí chama de discurso competente – define o que é bom ou ruim, o que merece ou não ser preservado na memória musical do pais.”[1]
Gerações de artistas populares não identificados com o tradicional ou o moderno, são excluídos pela elite intelectual que por sua vez vai procurar fazer valer o seu ponto de vista sobre a massa. Nelson Ned, um dos artistas associados a música cafona, lotou duas vezes o famoso Carnegie Hall, em New York, EUA, palco onde se apresentaram Frank Sinatra e Ray Charles, João Gilberto e Tom Jobim. Hoje cantor Gospel, ainda não recbeu o devido reconhecimento historiografico por parte da historiografia. Junto a ele artistas como Altemar Dutra, Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto, Emilinha Borba e Ivon Curi (só para citar os mais conhecidos) foram relegados ao ostracismo.
Tão importante para a compreensão de nossa sociedade quanto a bossa nova ou o tropicalismo, a música cafona deve ser analisada enquanto documentos históricos. Há toda uma produção rica e diversificada que podemos encontrar por todo o país. E nós historiadores somos tão formadores de opinião quanto a mídia. Não devemos deixá-la nos apresentar o que esta perniciosa e pretensiosa elite intelectual julga ser a representação de nossa cultura.
[1]ARAÚJO, Paulo César de. Eu não sou cachorro, não: música popular cafona e ditadura militar. 5. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005. Pg 363.
Esse video "A Verdadeira História da Música Brega" deveria ser removido, já que não oferece nada de realmente factível com a discussão.
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